A misteriosa linguagem dos bebês

O tema da linguagem é sempre muito interessante, pois trata de entendermos basicamente como podemos nos colocar em contato com os demais e compreendermos uns aos outros. Isso é válido tanto para os adultos quanto para as crianças, mesmo tão pequenas como são os bebês.  

Sem uma linguagem adequada, estaríamos isolados, sozinhos, sem conseguirmos nos socializar, o que significa deixar de satisfazer uma necessidade essencial para a vida humana.

Para comprovarmos este argumento, podemos refletir sobre circunstâncias simples como a experiência de ser um estrangeiro e não dominar o idioma de determinado local.  

Ou podemos ainda considerar a hipótese de estarmos em nosso próprio país e sermos abordados por um estrangeiro que nos faz uma pergunta em um idioma desconhecido, de forma que nada podemos responder.

Por mais que em situações como as exemplificadas acima busquemos outras formas improvisadas de comunicação como gestos, mímicas, uso de objetos, etc., sentimos uma enorme agonia por ser tão difícil nos colocar em contato com o outro.

 

O Desafio da Linguagem dos Bebês

Se refletirmos sobre essas experiências poderemos ter uma ideia do que significa ser um bebê que precisa se comunicar.

Estamos falando de um ser humano que acaba de chegar ao mundo. Até mesmo pensar sobre isso é difícil para nós adultos: o que significa estar no mundo há quatro ou cinco meses apenas? É algo quase inimaginável para quem domina tantos recursos de vida.

O fato é que essa é a situação de um bebê; ele não sabe falar, até certa idade não domina seu corpo, não pode improvisar gestos ou sequer deslocar-se até o que deseja. Diante desse cenário, o bebê sente suas necessidades, clama para que sejam atendidas, mas nem sempre há um adulto por perto que realmente conheça a linguagem dos bebês.

Logo concluímos que os bebês não podem se comunicar como os adultos. Mas será então que os bebês não possuem linguagem? Não poderíamos cogitar que talvez tenham uma forma de comunicação, e que nós adultos não entendemos a linguagem dos bebês?

Talvez cheguemos à conclusão de que possivelmente sejamos como estrangeiros que pela primeira vez chegam ao mundo dos bebês sem conhecer seu idioma. Pois é assim que muitos pais se sentem.

 

Existe mesmo uma Linguagem dos bebês?

O fato é que sim! Desde antigas tradições educacionais até a ciência moderna, a neurociência, a psicologia e a pedagogia há uma concepção unânime: existe uma linguagem dos bebês! E mais, ela não é tão rudimentar e imprecisa quanto nós adultos julgamos. É até mesmo especializada!

Recentemente Andrew Meltzoff, psicólogo americano que atualmente é uma das maiores autoridades mundiais no estudo da infância, concedeu interessante entrevista a uma revista brasileira e já no título chamou a atenção dos leitores por denominar os bebês de “detetives emocionais”.

Com essa expressão fez questão de dar provas e argumentos bem fundamentados em seus profundos estudos e pesquisas que mostram como os bebês são capazes de captar e compreender o tom de uma mensagem, as intenções e emoções por trás de uma fala, e até mesmo preconceitos sutis dos adultos que com eles convivem.  E como se isso não bastasse, são capazes de expressar o que pensam, sentem e necessitam.

Com isso, todos os adultos, mas principalmente os papais e mamães de todo o mundo, podem concluir que precisarão aprender a linguagem dos bebês para cumprirem bem com seus papeis diante dos próprios filhos. Mas como é essa linguagem? Como se estrutura? Como podemos conhecê-la e utilizá-la?

 

Qual é a Linguagem dos Bebês?

Devemos saber que a linguagem dos bebês não é intelectual, nem sequer lúdica, mas sim ritual. O rito é uma forma ancestral de ação e de comunicação.

É um assunto profundo e vasto, mas para nosso objetivo aqui devemos saber que um rito consiste basicamente em um ato que se repete sempre da mesma maneira.  

As ações ritualizadas podem ser absorvidas e incorporadas pelos bebês, pois não requerem uma compreensão intelectual. O ritual é uma espécie de linguagem de encantamento, que chega até nós mais pelas vias do corpo e das emoções do que pela mente. Esse é o motivo de ser tão eficaz para os bebês.

Há uma série de estudos científicos e inclusive recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), orientando a utilização de rituais para reduzir o nível de estresse das crianças e inclusive dos próprios pais, que verão seu dia a dia ser extremamente facilitado por terem aprendido a se comunicar com uma linguagem compreensível aos bebês.

Como podemos aplicar os rituais na rotina diária de nossos bebês?

Além de fixar momentos e lugares específicos para cada coisa que vamos fazer, as recomendações são que utilizemos músicas, versos ou simplesmente pequenas frases melódicas e rimadas para ritualizar momentos importantes do dia do bebê, e ajudá-lo a compreender o que queremos lhe comunicar nessas horas.

Podemos ter a música ou verso da hora do sono, do momento de transição da brincadeira para a refeição, da refeição para a higienização e assim por diante.

O fato é que se utilizarmos a linguagem ritual, em poucos dias poderemos ver uma significativa melhora em nossa relação com o bebê, porque essa é a linguagem que ele pode compreender.

 

OLHAR, FALAR, TOCAR: AS 3 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO COM OS BEBÊS

O Olhar

O olhar é o primeiro elemento autônomo do bebê. O que significa  que através dos olhos e do olhar podemos pela primeira vez observar esse pequeno ser humano expressar sua própria vontade.

Ele não controla seu corpo, não pode falar nem gesticular, mas pode olhar e demonstrar o que quer através dos olhos. Por isso a recomendação mais básica e essencial nesse sentido é que os pais possam desenvolver um olhar direto para os olhos dos bebês.

Essa simples prática tem um efeito absolutamente incrível no desenvolvimento neural das crianças e irá influenciar toda a capacidade de vida social que esse ser humano terá ao longo de sua vida.

 

A Fala

De forma geral podemos dizer que as palavras são alimentos psicológicos insubstituíveis. Elas acalentam, acalmam, contém as ansiedades do bebê, e em termos científicos exercem um efeito plástico sobre seu cérebro. Por isso falar com os bebês é definitivo para a formação de sua inteligência.

O assunto é ainda mais profundo e preciso: a maneira como falamos, a forma como colocamos as palavras em cada momento, a entonação de cada frase são elementos importantes da fala.

Não se trata tanto do significado do que falamos, mas de uma fala rítmica, ritual, musical, que precisaremos aprender e praticar.

 

O Toque Corporal

Com o toque temos a oportunidade de mostrar ao bebê uma das coisas mais importantes para o início de sua vida: o quanto ele é amado! Pois na pele do bebê estão os grandes captadores de suas primeiras emoções e sentimentos e através desse incrível órgão inteligente (a pele) o bebê pode experimentar o mundo de forma sutil e precisa, e receber nossas mais profundas mensagens afetivas.

A pele é na verdade o próprio sistema nervoso do bebê. Quase tudo o que ele apreende do mudo à sua volta é absorvido e interpretado através da pele. Por isso devemos saber que o contato pele com pele é um componente essencial da linguagem dos bebês.

 

Para Concluir

Comunicar, como diz a própria palavra, é encontrar o que é comum entre um e outro ser humano. É a forma de compartilharmos experiências e de não nos sentirmos sozinhos. Por isso é tão importante conhecermos a linguagem dos bebês, para que possamos desde o início da vida estarmos juntos e próximos de nossos pequenos e acompanha-los nessa desafiadora caminhada da vida que está apenas iniciando para eles.

 


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