Pais superprotetores - Artigo do Colégio Florença
Família

Pais superprotetores, com medo ou ansiosos: comportamentos que são vilões da infância

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18 de fevereiro de 2019

Uma das questões permanentes na cabeça dos pais de crianças pequenas, mesmo que não sejam pais superprotetores, é sua preocupação em conhecer e evitar aquilo que pode prejudicar seus filhos.  

Nada mais natural do que isso, afinal de contas, o instinto humano de proteção da prole é imensamente forte e poderoso. Os problemas começam quando direcionamos mal a força desse instinto e nos preocupamos com questões que não são tão relevantes.

Ou, ainda mais crítico, quando não reconhecemos os elementos realmente prejudiciais às crianças pequenas, e por isso sequer nos damos conta de que representam graves ameaças aos nossos pequenos.

Justamente por isso neste artigo queremos esclarecer que além dos pais superprotetores há mais 2 grandes comportamentos vilões que realmente prejudicam a infância. São eles o medo, a ansiedade.

1 – Pais com medo

O medo pode ser entendido como uma espécie de freio. Pois quando ele aparece, andamos com mais calma, desaceleramos, às vezes paramos e, se seguimos adiante, tratamos de pensar muito bem nos passos seguintes.

Podemos nos imaginar andando pela calçada, em ritmo rápido, quando de repente avistamos um buraco. Nosso andar é freado sem que precisemos pensar. E graças a esse sistema humano natural que é o medo, evitamos um acidente.

Até aí tudo bem. Mas o medo passa a se tornar um problema quando se torna exagerado. É como se estivéssemos andando em um automóvel o tempo todo acionando o freio.  Isso nos impede de trafegar com fluidez e até mesmo de chegar aonde precisamos no tempo devido.

Essa é uma explicação simples, mas não devemos subestimar o poder do medo quando se torna uma interferência negativa na vida de uma criança pequena. Ele barra suas descobertas, sabota sua criatividade, limita seus movimentos, prejudica o desenvolvimento do corpo e da mente e, por fim,  torna-se um obstáculo para a felicidade da criança.

 

2 – Pais ansiosos

A ansiedade é um estado de aflição ou de agonia que surge na maior parte das vezes quando pensamos em uma ação futura. Seu grande mal é que nos leva a fazer as coisas fora do tempo adequado.

Pensemos em um simples exemplo de quando vamos fazer um bolo, levando-o ao forno para assar. Se o retiramos antes do tempo, teremos um bom cru. Se o deixarmos tempo demais no forno, teremos um bolo queimado. De um modo ou de outro, não poderemos comer esse bolo.

Quando pensamos na forma como a ansiedade afeta as crianças pequenas, seus efeitos são drásticos. A criança é conduzida a se preocupar com problemas que não existem, mas que foram projetados pelo estado de ansiedade.

Ela aparece quando queremos que as crianças façam coisas para as quais ainda não estão preparadas, como subir em uma árvore, em um brinquedo de parque, ou mesmo em qualquer outra atividade como desenhar, pintar ou escrever os primeiros rabiscos. Muitas vezes a simples expectativa do adulto, fruto de sua ansiedade, pressiona a criança.

Pela ansiedade, a criança é levada a fazer as coisas fora de seu ritmo. E o ritmo é a maneira como a vida da criança se expressa. Por isso, interferir no ritmo infantil desregula os processos internos de organização da vida da criança.

 

3 – Pais superprotetores

Sabemos que uma das primeiras e grandes necessidades da criança pequena é ser protegida. Afinal, ela é uma recém chegada a este mundo e, como tal, precisa de apoio adulto para viver em segurança.

Entretanto, para que a vida da criança possa se desenvolver, ela requer espaço, pequenos desafios, enfrentamentos bem dosados, e precisará de experiências com erros e frustrações para que conheça seus limites e o alcance de seus potenciais.

Por  isso precisará ter liberdade o suficiente para vivências como cair e levantar-se, chocar-se contra um amigo e tomar consciência de que correu rápido demais ou que freou muito tarde. Precisará perder alguns brinquedos, oportunidades, ou querer algo e não conseguir.

O fato é que a superproteção dos pais impede que todas essas experiências sejam plenamente vivenciadas. Transforma-se em um tipo de redoma de vidro que impede o contato orgânico da criança com a vida e justamente por isso enfraquece as crianças, uma vez que as impede de usar seus potenciais e fortalecer-se com as experiências ricas e variadas da infância.

 

Pais com medo – O que fazer?

Talvez pensemos em o que fazer com as crianças. Mas aqui vem o primeiro conselho com relação a esses 3 vilões que são o medo, a ansiedade e a superproteção: devemos saber que quem deve mudar não são as crianças, e sim, os pais!

Isso mesmo! O medo das crianças, por exemplo, normalmente é o medo dos pais nelas projetado. E o medo dos pais tem a ver com falta de confiança nos potenciais de suas crianças.

Por isso é necessário  perguntar-se: por que não consigo confiar nas forças de meus filhos, confiar em suas ações e sentir que eles são capazes?  

Procure olhar melhor para seus filhos. Observe-os com atenção e respeito, e poderá ver que, mesmo sendo tão pequenos, são fortes e muito mais capazes do que podemos supor. Isso nos ajudará a liberá-los das amarras de nosso medo.

 

Pais com ansiedade – O que fazer?

A ansiedade não é apenas um problema de quem tem filhos, mas um mal de nossa época, oriundo da forma como temos vivido. Por mais que tenha muitas causas, certamente uma delas é a desconexão com o momento presente, com nós mesmos enquanto estamos vivendo o aqui e o agora.

Quando perdemos essa conexão, queremos pensar apenas no que as crianças irão se tornar. Queremos apenas nos focar em quando elas forem adultas, no que irão ser e fazer. E por isso sacrificamos o presente em nome de um futuro na maioria das vezes fantasioso, uma vez que não sabemos quais serão as escolhas de nossas crianças. Mas precisamos frear esse impulso quando se torna desordenado, e voltar a olhar para o presente.

Com isso poderemos constatar o que nossas crianças são hoje, e com isso, quais são suas necessidades atuais. Se vivemos projetados no futuro, deixamos de atender as necessidades do presente. E apenas vivendo um bom presente é que as crianças poderão construir um futuro próspero.

Por  isso, dedique um tempo do seu dia para apenas observar seus filhos, sem pressa, sem exigências e expectativas. Aprenda a admirar o que eles já são, o que podem fazer hoje, agora. Trata-se de um belo treinamento para reduzir nossa ansiedade e para conhecer mais a fundo nossos pequenos.

 

Pais superprotetores – O que fazer?

O remédio para o trabalho com pais superprotetores é um pouco amargo. A dificuldade é que ela assume uma fachada de cuidado e amor profundos, quando na verdade tem mais a ver com falta de cuidado e com carências adultas projetadas nas crianças. E reconhecer isso não é agradável.

Muitas vezes pais superprotetores controlam excessivamente as crianças porque querem evitar problemas para si mesmos. Como pais, queremos que as crianças não sujem uma peça de roupa, pois teremos que troca-la, dar banho nas crianças e lavar as roupas.

Outras vezes gritamos um enfático “não” quando a criança ousava começar a trepar em uma pequena árvore do quintal, ou quando corria velozmente com os amigos, pois isso nos libera do trabalho de observá-la, de dar apoio, mesmo que seja apenas com nossa atenção.

Se ela parar, não teremos esse trabalho. E muitas vezes justificamos essas atitudes dizendo que queremos prevenir que se machuquem. Mas na verdade ela terá perdido experiências insubstituíveis devido a superproteção dos pais.

Por isso, a fórmula para superarmos o problema de pais superprotetores é o cuidado adequado, que é sempre inspirado pelo amor. Amar as crianças é olhar para elas com tanta atenção que nos permita saber quando um perigo deve ser evitado, ou quando se trata de apenas um pequeno desafio, a ser aceito e superado.

 

Educar e Ser Educado: uma boa conclusão!

Refletindo sobre essas questões poderemos aprender coisas importantes, sobre nós mesmos, o que consequentemente nos levará a sermos melhores pais. É a maravilhosa experiência proporcionada pela vida: quanto mais educamos, melhores nos tornamos. E quanto melhores vamos nos tornando, mais qualidade terá a educação que poderemos oferecer aos nossos filhos.

 

Obediência na infância: exigir ou não? Eis a questão!Clique e saiba mais.

 


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