Estudo apresentado pela revista Crescer, mostra que os pais que conversam com seus filhos ajudam não somente na construção do vocabulário deles, mas também no raciocínio e até na compreensão numérica.
Você já se perguntou se conversa o suficiente com o seu filho? Não se trata de longas horas de papo, mas sim da quantidade de palavras que você apresenta diariamente a ele. Especialistas em educação defendem que esse aporte de palavras é importante para o desenvolvimento da criança e para a visão de mundo que ela passa a construir, mesmo sendo ainda bem pequena.
Novas pesquisas vêm descobrindo que o número de palavras que uma criança ouve na primeira infância pode ser ainda mais significativo do que os especialistas acreditavam.
Pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, descobriram que o número de palavras que uma criança ouve não apenas melhora seu vocabulário e desenvolvimento linguístico, como também pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades não-verbais como raciocínio e até compreensão numérica.
O estudo incluiu 107 crianças, usando gravadores de áudio para documentar suas rotinas ao longo de 16 horas, durante três dias. Após analisar os resultados, com base na quantidade de palavras e na diversidade delas, os pesquisadores chegaram à conclusão que havia uma associação positiva entre as habilidades cognitivas e as palavras que as crianças ouviam.
Muito além das palavras
O estudo é relativamente pequeno e os próprios pesquisadores reconheceram a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto. Fonoaudiólogos concordam que quando a criança cresce num ambiente rico em linguagem, a maneira como ela entende e usa essa “bagagem” é benéfica ao desenvolvimento como um todo. De acordo com o pediatra Dipesh Navsaria, que é porta-voz da Academia Americana de Pediatria (AAP), não se trata de simplesmente expor a criança em meio a falatórios.
“Acho que as observações feitas pelos pesquisadores provavelmente estão corretas, no sentido de que parece haver um aumento nas habilidades não-verbais com base no número de palavras ouvidas, mas é preciso saber que não se trata das palavras puramente, mas sim sobre as intenções sobre o que é dito.
Se você tem um pai que é mudo, ele ainda pode ter interações positivas com os filhos. Eles não devem pensar que a falta de palavras irá impedir seu desenvolvimento!, disse em entrevista ao site Healthline.
Pais que conversam mais com os filhos tendem a ser os mais receptivos
Os pesquisadores também apontam que o efeito positivo das palavras pode dar pistas de que esses pais que conversam mais com seus filhos tendem a ser os mais receptivos e que incentivam que seus filhos sejam exploradores do ambiente ao seu redor e se expressem mais. E esse comportamento é fundamental para o melhor desenvolvimento da criança. Eles acreditam que pode ser que os pais que estão falando mais com seus filhos também estejam mais propensos a responder e se envolver com eles de maneira positiva. O pediatra americano ressaltou que quando os pais são receptivos e encorajam os filhos a explorar e se expressar, “eles estão basicamente criando um ambiente em que as crianças sabem que estão sendo ouvidas e entendem que têm a capacidade de influenciar a atenção dos outros de maneira positiva.”
Veja como ajudar o seu filho, por meio das conversas, nas etapas de desenvolvimento da primeira infância:
Narre o mundo
Vale começar com o bebê, quando ele ainda é bem pequeno: converse com ele sobre as coisas que o rodeiam. Na hora de trocar a fralda, por exemplo, vá nomeando suas ações: “vou limpar seu bumbum, vamos colocar uma fralda limpinha, você vai ficar cheiroso”. Durante um passeio no parque, apresente as árvores, a grama, os passarinhos.
Atenção ao tom de voz
Quando falamos, colocamos sempre uma entonação em nossa voz, que pode significar dor, alegria, tristeza… Não tenha medo de se expressar na frente do seu filho, porque isso vai o ajudar a decodificar as emoções.
Leia histórias e poesias
As histórias, além do estímulo que representam à imaginação, aumentam o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem. Os poemas, assim como as músicas, têm ritmo e sonoridade bem acentuados. Comece com os textos de rimas diretas e, aos poucos, vá sofisticando. Vale lembrar que a leitura não pode ser mecânica. Coloque emoção e pontue cada frase.