Desde que saem do útero da mamãe, os pequeninos são mergulhados num universo cheio de sensações novas. Começa pelo primeiro fôlego que entra em seus pulmões, seguido de imagens, sons, cheiros, sabores e toques. Esses estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê estão intimamente ligados a como ele age e reage às inúmeras experiências que passa.
O período dos primeiros 1000 dias de uma criança, contando com o tempo no ambiente intrauterino até seus dois anos de vida no mundo externo, é o momento mais importante para sua formação, pois nesta etapa o cérebro humano está no máximo de sua atividade, absorvendo tudo o que é novidade, moldando e armazenando tudo o que foi experienciado.
Além disso, os estímulos durante os primeiros 1000 dias impactam diretamente na formação psicológica e emocional da criança e podem trazer benefícios ou malefícios para toda a vida, afinal, tudo o que os pequeninos recebem é um estímulo, seja uma experiência agradável ou desagradável, o cérebro jovem guardará a sensação por toda vida.
Os estímulos sensoriais são as ações ligadas a visão, gustação, olfação, equilíbrio e a audição. A canção de ninar, o balanço no colo, o sabor dos alimentos, a textura da pele dos pais, da roupinha, os pezinhos no chão, o vento na pele, a água no corpo e o tapinha nas costas são alguns exemplos mais comuns. Mas não para por aí, existe uma infinidade de estímulos que ajudam a preparar a criança para o mundo “novo”.
Por isso, é fundamental saber a importância dos estímulos sensoriais e como fazer isso adequadamente, para que a criança possa ter segurança em suas ações e saiba lidar com as diferentes sensações que tem, de maneira positiva.
Neste conteúdo, vamos te explicar a ligação entre estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê, além de destacar como proporcionar estímulos positivos para a formação da criança.
Boa leitura!
A importância dos estímulos sensoriais para o desenvolvimento do bebê
Durante o primeiro ano de vida, os estímulos sensoriais são fundamentais para os pequeninos identificarem e interpretarem as diferentes sensações que os novos ambientes proporcionam. Após este período, eles servem como um “tradutor” do mundo para as crianças e de si mesmas em relação ao que sentem, recebem e como reagem às diferentes experiências.
Isso porque, as conexões entre neurônios, conhecidas como sinapses, começam a acontecer logo após o nascimento para transmitirem e absorverem informações, chegando a até 3 milhões de sinapses por segundo em um recém-nascido.
Essas conexões neurais servem como ponte entre uma ideia e outra. Os estímulos sensoriais ocasionados pela visão, audição, tato, olfato e paladar ativam os neurônios que criam as sinapses.
Quanto maior for a rede de conexão entre os neurônios da criança, maior sua criatividade e capacidade para relacionar diferentes temas, se comunicar, analisar situações e solucionar quebra-cabeças.
Sinapses, estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê: qual a relação?
Durante os primeiros anos de vida, as condições neurais de uma criança fazem do seu cérebro uma esponja que absorve tudo à sua volta, caracterizando a enorme facilidade e velocidade que as crianças têm para aprender.
Conforme a mente dos pequenos vai se desenvolvendo, maior é a necessidade de processar informações mais complexas, pois nesta etapa existe um processo natural de seleção das sinapses, descartando as menos utilizadas e abrindo espaço para o cérebro elaborar um repertório de ideias, informações, opiniões, gostos e desagrados mais bem elaborado. É uma forma de garantir eficiência no aprendizado.
Desta forma, quando existe uma grande diversidade de estímulos sensoriais, a criança tem um leque enorme de ferramentas mentais para usar no futuro e aprender cada vez mais e com maior facilidade. Por isso é tão importante que tenham espaço para se movimentar e explorar o mundo com suas mãos, pés, boca, nariz e ouvidos, além de terem a chance de se expressar e comunicar.
É por este motivo que bebezinhos são tão apaixonados por morder as coisas, pegar em tudo, batucar as panelas da cozinha e rolar pelo chão da casa, agarrar pets, se molhar e mais toda aquela bagunça gostosa que fazem. É uma enxurrada de sensações para aprendizado que nós adultos vemos como “brincadeira”. Apesar disso, toda experiência é importante e gera uma série de aprendizados.
Por outro lado, da mesma forma que existem os estímulos sensoriais bons, também existem os ruins. Barulho, experiências de medo, insegurança, estresse, isolamento social e outros estímulos negativos, afetam o desenvolvimento do cérebro.
É fundamental que a criança tenha os estímulos adequados, com experiências positivas, agradáveis e um ambiente seguro e acolhedor para se desenvolver bem cognitivamente, psicologicamente e emocionalmente.
Como proporcionar estímulos sensoriais para o meu filho?
Como você viu até aqui, é indispensável para a boa formação intelectual e emocional da criança que ela seja estimulada adequadamente. Por isso, os estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê estão tão conectados.
Quando se trata de estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê, existem maneiras diferentes de interagir para cada etapa de seu crescimento, começando nas primeiras trocas de olhares com a mãe até a exploração do mundo ao final de seu primeiro ano de vida.
Veja o que pode ser feito em cada período:
De 0 a 3 meses
No comecinho de sua vida no mundo externo, o sistema sensorial do neném, apesar de pronto para funcionar, ainda é muito imaturo. Ao observar o bebê, dá para notar como as rotinas de dormir e comer sofrem mudanças nos primeiros meses de vida.
No início, parece até um robozinho que faz tudo no automático. Conforme o primeiro mês se passa, a criança começa a se expressar mais, mas ainda é muito difícil de entender o que ela realmente precisa. É importante ter muita sensibilidade e buscar por pistas para compreender o que o pequenino está tentando “dizer”.
Sem dúvidas, este período é um dos mais importantes para o bebê. É o momento em que ele começa a criar vínculos com os pais, cheiros, sons e etc., para criar uma espécie de zona de conforto que o deixa mais seguro. Por isso, o contato com os pais é tão primordial.
Nos primeiros três meses, o sistema sensorial do bebê está pronto para operar, mas ainda muito imaturo. Isso é evidente nas várias mudanças na rotina de dormir e comer dos bebês durante esses meses.
Nos primeiros 3 meses, o corpo da criança ainda é muito molinho, ele ainda não consegue se manter sentado para explorar os sentidos com as mãozinhas. Por tal motivo, durante este período os estímulos são mais como afagos e não como brincadeiras.
Nos momentos de troca de roupas procure movimentar a criança com muito cuidado, com movimentos delicados para que ele sinta as diferentes texturas e o toque materno/paterno.
Também é interessante cantar com o bebê no colo e fazer barulhinho para estimular sua audição, como bater palmas e utilizar brinquedos que emitam sons diversos para aguçar a curiosidade da criança.
De 3 a 6 meses
Com pouquinho mais de 3 meses, o bebê já consegue se manter sentado e sinalizar suas vontades, como fome ou que já comeu o suficiente. Confie na linguagem corporal do bebê. Apesar dele não verbalizar com palavras seus desejos ou desagrados, ele sabe demonstrar com o seu corpo o quer ou não quer, o que precisa ou o que é desnecessário.
Neste momento, os pequeninos estão super ativos, principalmente a partir do quinto mês, e isso quer dizer que chegou a hora de entregar um número muito maior de estímulos e com muito mais frequência.
Aproveite os banhos para conversar com a criança sobre as partes de seu corpo, como: “vamos lavar a mão”, “vamos lavar o pé”, “vamos esfregar o cabelo”. Faça o mesmo durante as trocas de fraldas e roupas.
Chegou a hora de explorar melhor o mundo, colocar a criança no chão para que ela comece a se movimentar e conhecer melhor suas funções e capacidade motoras.
Você pode também:
- Deixar o bebê segurar em suas mãos/dedos para que ela tente se levantar;
- Logo logo os dentes começarão a aparecer, por isso é muito interessante usar brinquedos de diferentes formatos que podem ser colocados na boca.
- Faça carinho com diferentes texturas: com suas mãos, com a naninha, com os brinquedos molhados, uma esponja, uma plantinha delicada e o que mais tiver de diferente para criança sentir sem que lhe ofereça algum perigo.
De 6 a 12 meses
Esta é a última fase até o primeiro ano de vida. Até aqui, a criança já possui certa independência motora e já sabe distinguir se tem ou não intimidade com ela. Além disso, o bebê já balbucia, grita, engatinha ou até anda já por toda casa, pega os brinquedinhos e joga pra cima, tira as coisas do armário da cozinha, se diverte, é um verdadeiro sapeca.
Como a consciência do bebê já está desenvolvida, chegou o momento de investir em estímulos sensoriais mais lúdicos e sonoros. Afinal, ele está começando a vocalizar suas vontades, aprendendo a falar e se preparando para os diferentes desafios (super interessantes para a criança) que o mundo pode oferecer.
Confira algumas atividades muito interessantes para o momento:
- Apresentar os livro-brinquedos para estimular o tato, a visão e o desenvolvimento cognitivo da criança. É importante que sejam muito coloridos e emitam sons para aumentar a imersão do bebê e prender ainda mais sua atenção;
- Imitar vozes e gestos diferentes com fantoches, ursinhos, bonequinhos e etc. para estimular a fala;
- Você já deve ter ouvido que a criança que não se suja, não aprende nada. Deixe a criança livre no chão para que ela se aventure e se suje, com esta idade ela já sabe quais lugares gosta mais. Permita que ela pegue em tudo, suba e desça dos lugares, role no tapete e sempre diga o nome das coisas que ela está em contato.
- As crianças adoram utensílios de cozinha, dê panelas e colheres para que ela fique batucando, conheça os diferentes tamanhos, formatos que cada item tem e os sons que produzem.
Neste último período antes de um ano de idade é o momento que os estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê estão mais ligados do que nunca. Abuse da sua criatividade, dê brinquedos lúdicos, com sons e formas geométricas diferentes, como aqueles de encaixar as pecinhas, para que a criança desenvolva uma boa noção de espaço, coordenação motora e saiba identificar as diferentes formas e barulhinhos de cada coisa.
Pronto! Chegamos ao final deste conteúdo e agora você sabe como os estímulos sensoriais e o desenvolvimento do bebê são intimamente ligados à boa formação da criança e sua preparação para o mundo.
Para aprender mais sobre o desenvolvimento das crianças e como agir corretamente com seus pequeninos, continue explorando nosso blog.